Quando os relógios da meia-noite prodigarem
um tempo generoso,
irei mais longe que os voga-avante de Ulisses
à região do sonho, inacessível
à memória humana.
Dessa região imersa resgato restos
que não consigo compreender:
ervas de singela botânica,
animais algo diversos,
diálogos com os mortos,
rostos que realmente são máscaras,
palavras de linguagens muito antigas
E às vezes um horror incomparável
ao que nos pode dar o dia...
Serei todos ou ninguém. Serei o outro
que sem sabê-lo, sou, o que fitou
esse outro sonho, minha vigília. E a julga,
resignado e sorridente.
O Sonho. J. L. Borges
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