12/11/2012

Utopia e Poesia

Vim para quebrar os relógios deste tempo que dá voltas sempre
sobre ele mesmo, sempre com a mesma areia a redemoinhar-se
entre portas giratórias que se abrem e que se fecham para o oco da existência.
Vim para inventar trajetórias que nunca existiram a não ser na medida em que me despedaçam.
Vim sob o escuro cadáver de Deus a transformar-se em montanhas de som dentro do que parece ser o meu silêncio.

Esta literatura aos pés dos poderosos nem como adubo serve!

O que devemos é ferver o corpo enorme de todas as mortes no caldeirão maior ainda de todas as auroras. Sim, diariamente as horas deveriam soprar no olho de todas as fogueiras os vendavais contidos nas grandes invenções do homem.
Precisamos colher além da sombra o que não somos. Ou o que não nos deixaram ser. Mesmo que tenhamos que dar nossa velhice em ossos para os cães da imprevidência. Porque a nossa morte, a que tudo isso resultará, já é um contrato assinado com a desesperança em nosso bolso.

Moacyr Félix, Sim.

Um comentário:

Camila disse...

Muito bom. Gosto mais dos textos poéticos, porque tenho a sensação que qualquer texto científico, por mais relevante que seja,é uma carga. Mas em poesia, não existe verdade, e todos podem ser o que querem. Isso é maravilhoso.

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