26/06/2013

fragmentos de benjamin

Se a filosofia quiser conservar a lei da sua forma, não como propedêutica mediadora do conhecimento, mas como representação da verdade, então aquilo que mais importa deve ser a prática dessa sua forma, e não sua antecipação num sistema. 
[...] Método é caminho não direto. [...] A sua primeira característica é a renúncia o percurso ininterrupto da intenção. O pensamento volta continuamente ao princípio, regressa com minúcia à própria coisa. Este infatigável movimento de respiração é o modo de ser específico da contemplação. [...] E não receia perder o ímpeto, tal como um mosaico não perde a sua majestade pelo fato de ser caprichosamente fragmentado. [...] O valor dos fragmentos de pensamento é tanto mais decisivo quanto menos imediata é a sua relação com a concepção de fundo [...].


Enquanto o orador, pela voz e pelo jogo fisionômico, apoia as frases isoladas, mesmo nos casos em que elas não têm autonomia, e as articula numa sequência de pensamentos muitas vezes vacilante e vaga, como se esboçasse um desenho de ampla respiração como um único traço, assim também o próprio da escrita é, a cada frase, parar para recomeçar. [...] obriga o leitor a deter-se em "estações" para refletir.

W. Benjamin. Origem do Drama Trágico Alemão, 2013, p. 16-17.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

pode escrever, não se encabule.